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DENÚNCIA - Desmatamento de vegetação nativa em Sirinhaém para construção de estrada clandestina.

17 de abr. de 2011


Publicado em 16.04.2011, no Jornal do Commercio.



Abertura de estrada clandestina em Sirinhaém, na Zona da Mata, a 70 quilômetros do Recife, está provocando desmatamento de vegetação nativa. A via, com cerca de um quilômetro, é paralela ao Riacho Sibiró, e corta área de Mata Atlântica e de mangue.
Pescadores do local, conhecido como Monteiro, informam que a obra começou há aproximadamente 15 dias. Ontem, havia no local três tratores, mas nenhum operário. As máquinas são uma escavadeira, uma compactadeira e uma carregadeira, usada para recolher os troncos derrubados.
A estrada termina no encontro do Riacho Sibiró com o Rio Sirinhaém, onde predomina a vegetação de mangue. Vários pés de mangue-branco, também chamado de canoé pela população local, estão tombados. No local onde a estrada está sendo construída, havia uma trilha.
A população local conta que a trilha foi alargada com as máquinas, abrindo passagem para a estrada, o que provocou a derrubada das árvores. Em seguida, os operários colocaram barro amarelo e compactaram o terreno. Atualmente, a estrada está recebendo uma camada de barro vermelho.
Para o presidente da Associação de Pescadores e Armadores de Sirinhaém, Flávio Wanderley da Silva, o aterro do manguezal e o desmatamento da floresta nativa prejudicam a pesca artesanal. “Muitas pessoas dependem da pesca por aqui. E sem o mangue não tem caranguejo, nem guaiamum, nem aratu”, diz.
A entidade conta com 216 associados, enquanto a Colônia de Pescadores de Sirinhaém tem 620 cadastrados. O manguezal do estuário do Rio Sirinhaém, entre Sinharém e Ipojuca, de acordo com diagnóstico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), é utilizado por três mil pescadores.
Flávio Wanderley lembra que o mangue e a Mata Atlântica são áreas de preservação permanente (APP). Por lei, esse tipo de cobertura vegetal apenas pode ser derrubado mediante projeto de lei encaminhado pelo governo do Estado à Assembleia Legislativa. Antes, o governador precisa decretar a obra como de interesse social ou de utilidade pública.
“Não há nenhuma placa sobre a obra. É uma estrada clandestina. Esperamos que a CPRH (Agência Pernambucana de Meio Ambiente) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) fiscalizem. Estamos disponíveis para ajudar no que for preciso”, adianta.
Moradores do entorno do Monteiro comunicam a existência de comporta que controla a vazão do Riacho Sibiró. “A água do Rio Sirinhaém não entra mais no riacho quando a maré sobe. A comporta também impede que os peixes se refugiem no riacho quando tem poluição no rio”, diz um pescador, que pediu para não ser identificado.

RIO SIRINHAÉM
O estuário do Rio Sirinhaém, segundo dados da CPRH, ocupa 3.335 hectares. Os afluentes são, além do Siribó, o Trapiche, Arrumador e o Riacho Duas Irmãs. A diversidade da flora inclui o mangue-vermelho, com árvores de grande porte. As espécies de peixes e crustáceos, que representam a fonte de renda para a maioria da população local, são unhas-de-velho, marisco, guaiamum, caranguejo-uçá, siri, aratu, pitu, além de arraias, saúna, agulha, camurupim, mero, pescada, xaréu, manjuba, mandim, niquim, bicuda e tilápia.

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