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A.M.P.P. - NOTÍCIAS - E a "profecia" não se realizou.

9 de ago. de 2010


Os dois ponteiros do relógio marcavam o número 12 e nem sinal de tempestade em Catende. No dia da previsão do que seria " a maior enchente da história do município", além de cochichos nas calçadas, muita galhofa e debates mais acalorados nas praças, nada de diferente acontecia na cidade. O sol dava as caras e quase tudo corria como um sábado qualquer.







Fotos: Alcione Ferreira/DP/D.A Press






Quase. Na casa do oficial de justiça Luiz Mário dos Santos, 49 anos, havia uma movimentação diferente. A família e os amigos estavam tentando entender porque a "revelação" não tinha acontecido. Não passavam de sonho as visões da catástrofe que o evangélico teve e eles buscavam respostas, defesa e se preparavam para ouvir muito desaforo e "gracinhas" de todo tipo. Um misto de gozação, revolta e felicidade - afinal, não houve a tal da grande enchente - tomou conta de parte da população no último sábado. A polícia não precisou ser acionada para defender ou mesmo prender o oficial de justiça. Mas os boatos de confusão rondavam a cidade. Eram apenas boatos.


Luiz Mário dos Santos acordou cedo e permaneceu o dia inteiro em casa. Não que ele estivesse se escondendo, apenas tentava assimilar o que tinha acontecido. Nenhum lugar melhor para ficar do que na sua casa, ao lado da família e dos amigos. "Sou caseiro mesmo. Só sairei na segunda-feira, para ir ao trabalho", disse. Já sua esposa estava um pouco nervosa. Receava que a população fosse bater em sua porta para perturbar. "Na quinta-feira passou uma moto de madrugada gritando palavrão. Ele (Luiz Mário) é calmo, mas sou mais explosiva. Deus fez isso por um motivo e acho que foi para as pessoas se unirem, como aconteceu" disse a dona de casa Maria Anunciada, 49. O casal, apesar de recolhido em casa, recebia as pessoas que batiam à sua porta. Como a cidade é pequena, não era difícil achar a casa do "profeta". Mas quem apareceu por lá foram os amigos ou evangélicos. Ninguém chegou para brigar.











Luiz Santos,49, acordou cedo no sábado, mas ficou em casa. "Sou caseiro mesmo. Agora só vou sair na segunda (hoje) para ir trabalhar".






A sede da Polícia Militar fica próxima à casa do evangélico. Os PMs disseram que o dia corria tranquilo. Houve apenas boatos de confusão, mas nada confirmado. Aparentemente a revolta do povo era só "da boca para fora". "Já tocamos no assunto várias vezes aqui na igreja. Não é um ato cristão condenar Luiz Mário, muito menos agir com violência", explicou o padre Reginaldo José da Silva, da Paróquia de Sant'Ana, Igreja Matriz de Catende.


Nas ruas da cidade, tinha gente "brava" e "valente", mas o que mais se via era gente fazendo piada. "Cuidado para não se afogar", "A enchente vai ser em 2012", "Ninguém consegue chegar na rua da igreja de tanta água". Luiz Mário já imagina o que o aguarda na próxima segunda-feira, no Fórum. Ele deve ser alvo dos piadistas por muito tempo.


Depoimentos


Sentado na praça em frente ao Fórum onde Luiz Mário dos Santos trabalha, seu Manoel Augusto da Silva, 73, escutava as reclamações. Cada vez que se formava um grupo ao redor da praça e começavam as especulações sobre o que deveria acontecer com o evangélico, ele representava a "voz da experiência". "O povo que se iludiu com essa história de sonho. Se tiver que acontecer outra desgraça não tem sonho que empate. Só quem sabe é Deus", explicava. O aposentado também tentava abrandar as críticas ao oficial de justiça. "Ele teve um sonho. Se não aconteceu ninguém tem que bater nele".


No início da tarde, o movimento na feira livre de Catende era pequeno. Fernanda da Silva, 35, e Maria Conceição da Silva, 65, estavam de mau humor. A venda foi pouca. Por volta das 14h30, a barraca ainda estava repleta de verduras. As duas lavavam os alimentos para guardar o que não foi vendido para voltar para casa. Para os feirantes, aquele não era um sábado normal. Por volta das 14h já deveriam ter comercializado quase tudo e só levaram a metade do volume que costuma levar de verduras. Culparam Luiz Mário pelo dia fraco. "É muita falta do que fazer", resmungou Fernanda.

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